Palpação de localização da cabeça longa do bíceps em pacientes assintomáticos – um grande desafio para todas as áreas da saúde!

O nosso texto dessa semana fala sobre um artigo que realizou um estudo piloto prospectivo, simples cego para determinar a acurácia da palpação da cabeça longa do tendão do bíceps (LHBT) dentro do sulco intertubercular com o uso da localização ultrassonográfica como padrão ouro. Muito interessante a metodologia já que foi utilizado o ultrassom (US) como padrão correto da localização da estrutura anatômica avaliada.

Foram selecionados vinte e cinco voluntários assintomáticos, do sexo masculino e feminino, com idades entre 24-41 anos (média de 30,9 ± 4,3 anos) com índices de massa corporal de 19,3 a 36,3 kg / m (2) (23,84 ± 4,8 kg / m (2)) ou seja, tivemos um grupo muito bem delimitado e assintomáticos, o que diminiu e muito os possíveis vieses do estudo!

Três examinadores de diferentes experiências (um médico da equipe de medicina esportiva, um médico esportivo e um residente de medicina física e reabilitação) identificaram a localização do LHBT no sulco intertubercular por meio de palpação em um paciente em decúbito dorsal e marcaram sua localização gravando uma agulha na pele sobre o sulco. A ordem do examinador foi randomizada. Um quarto examinador, que desconhecia a ordem de palpação, avaliou a acurácia da palpação do examinador anterior comparando a posição da agulha com a posição do tendão com a utilização exata determinada pelo US.

A colocação da agulha em relação ao sulco intertubercular foi classificada como estando dentro do sulco, medial ao sulco, ou lateral ao sulco. Nos últimos 2 casos, a distância da agulha até a borda do sulco mais próxima foi registrada e a acurácia foi determinada pela distância da marcação em relação ao ponto determinado pelo US.

A taxa de precisão geral foi de 5,3% (4/75), variando de 0% (0/25) para o residente a 12% (3/25) para o colega (P ≤ 0,007 para diferenças interexaminadores). Todas as palpações ausentes foram localizadas medialmente ao sulco intertubercular em uma média de 1,4 ± 0,5 cm (variação de 0,3 para o paciente a 3,5 cm para o residente).



Com base na metodologia atual, os médicos tendem a localizar o sulco intertubercular medial em relação à sua localização real. Consequentemente, os médicos devem ter cautela ao confiar na palpação clínica para diagnosticar um distúrbio do tendão do bíceps ou para realizar uma injeção na bainha do tendão bicipital.

Ou seja, nesse estudo percebemos que a palpação de localização da LHBT é um problema para os médicos e determinar um diagnóstico a partir dessa palpação pode ser um grande problema!

Quando clinicamente indicado, orientação do US pode ser usada para identificar com precisão o LBHT dentro do sulco intertubercular e seria uma forma de minimizar erros de diagnóstico e procedimentos.

Como podemos treinar e melhorar essa habilidade para termos maior precisão diagnóstica e terapêutica?
Uma das formas mais simples de se fazer isso é determinar quais as metodologias de ensino de palpação são mais eficazes e que apresentam melhores resultados em aproveitamento dos alunos.


Por Leonardo Nascimento, Ft Msc DO
Fisioterapeuta
Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Membro do Comite Científico da AOB (Associação de Osteopatas do Brasil)

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP



Bibliografia


Gazzillo GP1, Finnoff JT, Hall MM, Sayeed YA, Smith J. Accuracy of palpating the long head of the biceps tendon: an ultrasonographic study. PM R. 2011 Nov;3(11):1035-40.

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